diz a wikipedia que "o spleen é um estado de melancolia sem causa definida. O termo foi popularizado por Charles Baudelaire (1821-1867) mas havia sido usado antes por escritores do romantismo durante o séc XVIII. Para Baudelaire o spleen é um dos componentes essenciais da angústia de existir. A relação entre spleen e melancolia provem da medicina e do conceito dos humores (desenvolvida por hipocrates, um gajo grego que fazia associar a estados físicos, manifestações de humor. assim, desiquilibrios no sangue, fleuma, bilis amarela ou negra resultavam em tipos/estados psicológicos diferentes - digo eu que estudei disto). Um desses humores é a bilis negra segregada pelo baço e associada à melancolia. (e eu digo mais, spleen quer dizer baço em inglês).
Eu acho que a wikipedia diz muito bem, mas não suficiente. o spleen é, sim, aquele desânimo sem causa aparente, é o beicinho e as insónias, é o fumar demais e o suspirar demais. mas é ainda mais. é a ansia por uma existência real.
Na literatura portuguesa, o primeiro gajo a falar como deve ser do spleen foi o eça. na cidade e nas serras ou no conto civilização o gajo mostra-nos como uma pessoa se pode aborrecer em lisboa. mesmo tendo a melhor charrete, um laboratório novo e andar spr a par das inovações, o bigodaças do sec XIX não encontrava sossego ou satisfação na vida. as cidades tinham, e têm ainda hoje, disto - uma satisfação artificial, irreal, ouca, incompleta. para se viver sem blues há que ir para o campo. bem dito, bem feito. o bigodaças foi para as beiras, despojado dos luxos modernos, com o bric-a-brac mais simplório do mundo, para se dedicar apenas a comer alheiras a estalar de gordura, a trincar o pão quente feito por bonitonas de faces rosadas e seios fartos. para apanhar o sol real, pôr os pés no rio frio e ficar verdadeiramente fino.
eu estou um bocado esta doença do baço, verdade, a modos que preciso de ir para o campo curar. era só para partilhar. quem se me junta? comer morcela, tomar banho de mangueira, subir montanhas e sentar ao luar com uma guitarra e... já chega, não é?