terça-feira, março 28, 2006

Down there I sell whiskey and cards. All you can buy up these stairs is a bullet in the head. Now which do you want?

nos anos 50 as mulheres já usavam calças, mas o seu nome ainda não podia dar título a filme a não ser que as despissem.



vienna veste-as. e despe-as. e o filme é todo dela, menos o título.

johnny guitar - o nome no cartaz, no bilhete e no ecrã - é na verdade um adereço.
johnny guitar é substituível - o seu contributo para o desenrolar da acção podia ter sido dado por qualquer outro personagem. o assalto teria sido visto por outro, outro irritaria o dancing kid, outro soltaria a corda de enforcamento de vienna - afinal vienna, forte no caracter, estava rodeada de homens fieis, prontos a ajudar.

mas johnny guitar, como um bom adereço, está ali para além de qualquer necessidade. j
ohnny guitar, como um óculo prada ou uma pregadeira channel, está ali para dar luz sobre um conjuntinho que de outra forma seria sem graça. johny guitar só existe para nos mostrar o soft side de vienna. para a tornar um personagem mais humano, para que gostemos ainda mais dela.

johnny guitar atravessou o deserto e o passado e chegou ao sallon como prova viva de que vienna amou.
e um acessório é isso mesmo. uma memória. uma amostra pequena de um material genial que sabemos que existe em grande, em muito, algures num sitio onde não podemos chegar. e que se pudessemos ter por inteiro, não tinha graça nenhuma.

segunda-feira, março 20, 2006

feridas e calos

et ceterae.
a mais feia de 4 irmãs, teve poliomielite, um acidente que a esventrou e deixou infertil, buço incontrolável, monocelha pronunciada, marido infiel e gordo, um aborto em chicago.
no wonder her paintings suck!
mas valeu pela companhia.
: )

quarta-feira, março 15, 2006

if there's a cloud above, if it should rain, we'll let it. but for tonight forget it, I'm in the mood for love.




descubra as diferenças e submeta um provérbio




















com um vestido preto não me comprometo. nem eu nem a audry nem nenhuma mulher (resta saber se o fatinho da audrey é mesmo preto- damn black n' white photos). vestido preto é modelito suficientemente versátil para levar a criançà escola, para ir ao mercado comprar couve, para ir trabalhar, para ter almoço com a melhor amiga, para ir a uma reunião de trabalho, ou a um cocktail, ou para ir visitar a avó ao lar, e se necessário ir a um funeral.
ora
para mim
a coca-cola é o mesmo.
mas não há provérbio que rime com ola.
com uma coca-cola não me... help!

segunda-feira, março 13, 2006

terça-feira, março 07, 2006

ceci n'est pas un blog de cinema

amanhã vou ao ginecologista. first time ever. e devo dizer que estou a panicar.
é a coisa de ter pré-conceitos.
e o meu pré-conceito não podia ser pior.
para já porque quando alguém vai ao gine só conta as coisas más (não se passa nada de agradável e partilhável lá dentro?)
depois porque tive o azar de ver o dead ringers, do cronemberg, a merda da semana passada.
gémios ginecologistas a analisar com instrumentos gore mulheres com útero tri-forcado, não é uma coisa boa para ter na memória. e eu tenho-o na de longo-prazo, na de trabalho e aposto que ainda me está na memória retiniana, a marquinha do tipo a espetar no irmão uma coisa metálica com formato de cone de gelado moien age.
olhem, good night and (wish me) good luck.


segunda-feira, março 06, 2006

morram de frio, cabras do inferno

por azar dos azares as minhas pessoas do coração estiveram (quase) todas longe, na semana que passou. com ou sem neve, estiveram todas em sitios bem geladinhos. a clara em estocolmo, a rita em budapeste, a paula em helsinkia, o andre em milao, o luis por todo esse leste. mas quem ficou de coração gelado fui eu aqui. voltem depressa, tenho saudades.

o capitalismo roubou a minha virgindade

pronto, é só para partilhar que estou naqueles dias em que não me apetece fazer favas. por acaso nem estou com aqueles trabalhos de encher chouriços, até é coisa fizzy, boubbling e exciting. mas estou até aos cabelos com o mundo do trabalho.
apesar de não acontecer bem assim, sinto que visto uma farda e pico o ponto todos os dias, só saio quando oiço a sirene. meto uma sandes no bucho ao meio dia e carrego a nação às costas pela tarde. sou uma operária e sinto que tenho poder. é por causa do meu trabalho e dos meus impostos que os ciganos podem ter casas em prédios de má qualidade e se pode continuar a investigar a cura para a poliomielite. mas isso não me deixa mais feliz. as minhas coxas estão a perder a validade e o meu pulmão já não é tão virgem para calcorriar esses montes. nem que seja ir passear do monte do ic17 até ao trancão. isso já me fazia feliz.
e agora uns poemitas, para ser pseudo.

o chico buarque
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

quarta-feira, março 01, 2006

babies of the blitz - maminhas louder than bombs

ontem à noite fui ver "mrs henderson presents".

estamos na 2ª GG, portanto.
mrs henderson (judy dench, academy award winner e nomeada este ano upa upa) é uma recém viúva endinheiradíssima.
sem marido e sem filho, vê-se na urgência de arranjar um hobbie.
ora, uma vez que os bordados não se adequavam à força que ainda tinha nos braços e à velocidade da cabeça, compra um teatro em west end, london.
what else.
contrata um sr van damn, judeu de nome e não só (vejam), para lhe dirigir artisticamente o teatro e pôr os nervos em franjinha escadeada.

e apartir daí começa a ter piada.
com van damn tem muitas ideias para fazer do teatro um sucesso. a ideia mais emblemática é maminhas.

estamos em altura de guerra. se os pequenos vão dar a vida pela pátria, porque é que as pequenas não haviam de dar a mamoca, também?
depois de casting infindável, não contentes com as maminhas das actrizes (gente da má vida, desgastadas, de origem duvidosa). partem por essa inglaterra fora à procura da verdadeira maminha britânica, uma maminha do campo, fresca e com personalidade.
olhem não me apetece escrever mais. vão ver.

she broke my heart com castanholas

segunda 27, na zdb.
quando entrámos já a voz ecoava pelo aquário. uma voz, de resto, muito pouco aquática. uma voz de terra, do deserto americano, maior do que ela e mais feminina também (não é difícil). voz de partir coração e ossos. voz de ventinho do deserto onde nada vive. assombrosa. durante o concerto ninguém falou e nínguem se mexeu. foi tipo experiência mística: reverência e arrepiamento.
tive que fumar e quebrar regra anti-celebração que ao que parece o raio do espaço tem.
soube bem.
a jana seguiu no baixo, a acompanhar castanets. o sr castanholas não parecia conseguir desligar-se dos apitos e perucas e linguas da sogra e recos-recos lá de fora. lá bebeu uma imperial de penalte (jana também - deve ter interacção com prozac, upsi) e a coisa seguiu mais inteira.
e foi assim.