quarta-feira, janeiro 25, 2006

em português, agir, implica um acrescento de dor

os níveis de produtividade em portugal são baixíssimos. quem procura na nossa história a origem do problema tem que recuar muito muito no tempo. um povo não se avalia só por números. verdade. um povo tem outras riquezas. já houve quem dissesse "a minha pátria é a lingua portuguesa".
mas, e a lingua portuguesa? não pode ser um indicador tão cientifico como o pib?
vejamos:
em portugal, trabalhar doi.
os portugueses gostam da ideia de que existam ocupações. mas quando se trata de serem eles mesmos a desempenhá-las, o caso muda de figura.
na cabeça (e na língua) dos portugueses existe o trabalhar, existe o paginar, o formatar, o apanhar, o cortar, fornecer, o correr.
mas fazê-lo doi.
Em português, agir implica um acrescento de dor.
custa ser o trabalhaDOR, o paginaDOR, o formataDOR, o apanhaDOR, o cortaDOR, o forneceDOR, o correDOR.
se custa tanto, porquê fazê-lo?
e não vamos entrar pela velha estória do "o que veio primeiro?" é a lingua que influencia o pensamento, ou o oposto, o pensamento constroi e molda a lingua?



2 comentários:

Paula disse...

Talvez então a solucão produtiva portuguesa esteja em nudar todos os nomes dos postos de trabalho para inglês,ou até mesmo para uma lingua longíqua que poucos percebam. Dessa forma não sairíamos muito da realidade actual. Todos temos uma funcão, poucos percebemos o que o seu nome significa contudo, dito noutra língua não implica dor.

olivia disse...

pat, amei esta tua exposição! de verdade! acho que chegaste a uma conclusão brilhante! eu, por exemplo, que gosto de trabalhar, não tenho uma profissão que acabe em dor, mas em iva e por isso é que tenho que ser aumentada, porque não há como fugir aos impostos!